quarta-feira

Abat jour

Carrego dilema. Num apelo premente à fantasia, forro-me a pano rendilhado de cor viva que tal vida prostrada não iluminará. Seja por remorso, ou por presença, interruptor prolonga namoro à faísca assim como os dedos deslizam no peito marcado pela saudade. Com cortina entreaberta, com tecto feito sombra, a noite há-de aparecer. Trará companhia? A lua, já não arrisca palpites, cansou-se de esperar pela maré-cheia. O fumo distrai-se na sua dança sem par e esbarra nos rostos colados ao passado em teias de aranha ávidas de uma qualquer tortura. O cheiro é sentido. Ainda cheira a ontem. Estou perante mim ou não estarei perante alguém? Meras cogitações diluem-se no lirismo bacoco da almofada absorta. Sim! Acusa a recusa em depositar sonhos e eu já nem sei quem me amparará.

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