quarta-feira

Exposição menor

Ama do meu corpo
vomita umas pedras
lembra
os beijos que vazo
são raspas de pele

Ama do meu corpo
dorme na sopa
fi-la ontem
bem azeda
depois da história
do aconchego
a solidão.

segunda-feira

Ponto vela

O meu coração?
fez hoje dois passos que não o sentia
manco de saudades
trilhou uns lábios
com palavras suspensas
falou mais alto que uma pedra
na volta
trilhara-se no eco.

terça-feira

Aviso

No alto do meu bonsai
culpo o céu por ter estrelas
peneiro algas com recheio a saudade

Tomara chova.

segunda-feira

O prepúcio da Dona Prazeres

Descoberto
no último dia da romaria
o vento soprara um “ai Jesus” tal
que andor foi-se embora ao pé coxinho
a saia plissada verde couve lombarda rasgou-se
de cima a baixo
em sorrisos desfez-se uma procissão.

sexta-feira

Ciclo do doente

Tenho um fungo no meu peito
causa espanto a quem se aproxima
pois viro amor para dentro

E dentro
quero estancar hemorragia
que me há-de consumir
até deitar amor para fora

Mas fora
tentarei vazar olhos
com imagens de gestos lascivos
nesse quadro policromático do desejo

Desejo quando vem
também pode ir
e se vai
nasce um fungo no meu peito.