Rosário de Jesus era feia e ponto. Não obstante, essa minudência que ninguém ousava questionar, fodia até se fartar com as mãos. Leram bem, apenas e só com os dedos forrados da mais macia pele que porventura Deus criara. Na verdade, a vagina era quase equiparada a uma reserva lunar, tal se devia à completa ausência de vestígios humanos. E a boca? – perguntavam as línguas viperinas. Tudo vai do hábito e eu, desde pequena, fui ensinada a só comer rabos de peixe... – defendia prontamente sem ponta de ironia. Aliás, tudo era transparente na vida dela. Todos os dias, logo após o banho diário dado à sua mãe acamada, vestia saia plissada azul-escura e camisa invariavelmente branca. É o ritual de uma quase catequista. – sorria com todos os dentes. Não ensinava o Pai-nosso, nem Credo, mas o que fazia proporcionava momentos celestiais. Duvidam? Jesus tocou-me e fui feliz… - apenas uma das muitas opiniões de quem frequentava o número 45 da Rua dos Prazeres.
segunda-feira
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